sábado, 12 de setembro de 2009

A mulher vai mesmo tomar conta do mundo. No atacado e no varejo.


Diante dos últimos estudos científicos, arrazoados econômicos e observações particularíssimas, creio só nos restar uma saída: a retomada da nossa vocação medieval e agropastoril. A saída está no campo, nas montanhas ou no brejo propriamente dito. É tudo que sobrou para a rastejante criatura do sexo masculino no século 21.
É, amigo, faça como este cronista: comece a comprar também o seu pequeno rebanho de bodes e cabras. Os sinais da nossa falência como seres modernos partem de todas as fontes e disciplinas.
O economista e jornalista Reihan Salamd, em texto para a revista Forbes (republicado no Brasil pela Época Negócios que está nas bancas) solta o rojão apocalíptico: "Podemos dizer agora, sem medo de errar, que o legado mais duradouro da atual crise financeira não será o fim de Wall Street. Não será o fim das finanças, e não será também o fim do capitalismo. Essas ideias e instituições sobreviverão. O que não sobreviverá é o macho".
Segundo o mesmo rapaz norte-americano, de apenas 29 anos e uma fortuna no banco, a crise internacional encerrou definitivamente o domínio sobre a fêmea. A tese do moço: até o fim do ano, 28 milhões de homens perderão o emprego e, em conseqüência do baque psíquico, estarão mais frágeis e infelizes do que nunca.
Não é à toa, diz ele, que na blogosfera de finanças e economia, a situação é chamada de "he-cession", um trocadilho em inglês para definir o peso do mundo sobre os ombros masculinos.
Para justificar o seu mote catastrófico, Salamd cita estudos que mostram como a cabeçorra do marmanjo é mais afetada por uma demissão do que a mente feminina. E, além disso, mulher, tem outra coisa, de acordo com o mesmo teórico: boa parte da ajuda dos governos para as instituições está indo para setores dominados pelas meninas - saúde, educação e serviços sociais.
É, amigo, a falência do mundo é masculina e muitas mulheres têm sido eleitas ou nomeadas, tanto na política como na economia, em repúdio às barbeiragens dos canalhas.
Islandesa lésbica
Repare no caso da Islândia, país varrido pela quebradeira global, que escolheu para o seu projeto de reconstrução a primeira-ministra Johanna Sigurdardottir, pioneira no mundo como grande líder declaradamente lésbica.

O homem lesou e a mulher vai mesmo tomar conta do mundo. No atacado e no varejo. Observe como em qualquer serviço as moças resolvem com mais rapidez e competência. Fiquei impressionado outro dia, na recepção de um hotel em Santos, por ocasião do evento Tarrafa Literária, como o macho virou uma bobina, qual um carretel de cacimba de tão enrolada a criatura.
Era apenas um check in, amigo, um simples procedimento de hotelaria, mas quem disse que o rapaz decifrava as coisas?! Bastou chegar uma simpática mocinha e pá, pum, com dois toques no sistema, mostrou quão simples era tudo.
Sim, é somente uma cena boba pinçada do dia-a-dia, porém diz muito. Nem preciso falar que o representante do sexo masculino tem inclusive mais tempo de casa do que a senhorita. Seria espezinhar demais a nossa trupe.
Nas escolas, então, milhares de pesquisas, aqui e na Europa, revelam como as meninas dão couro nos homens abestalhados, incapazes de interpretar um texto.
É, amigo, nos restam as atividades agropecuárias e as trincheiras das guerras, velhas práticas dos selvagens. Os machões dançaram, caríssimo Norman Mailer!
Modinhas de fêmea
Como torram dinheiro, em nome da ciência, para mostrar o que já se sabia no último e mais pé-sujo dos botecos. Estudo da Universidade de Radboud, na Holanda, concluiu, com foguetório e espanto, que o homem baba, desconcentra, perde a cabeça e o seu poder cognitivo no trabalho diante de uma mulher bonita.

No que o amigo Pereira, de férias em São Miguel do Gostoso (RN), me ligou eufórico, e tosco como sempre: "Só vou contratar bagulho para a minha firma, preciso aumentar a produtividade urgentemente".
Vade retro, Pereira, delicadeza é bom e nós gostamos aqui nesta honrada coluna.
Por Xico Sá, é jornalista e escritor. Nasceu no Cariri, em 1963, foi criado no Recife. Atualmente, vive em São Paulo. Fale com ele pelo e-mail xicosa@brpress.net

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